E nem pode se esconder disso
Porque você pensa que sabe alguma coisa
Pensa que pode controlar algo que nem mesmo conhece suas formas de existir
Ledo engano esse nosso
De achar que sabemos alguma coisa
Porque não sabemos nada do que acontece no mundo a nossa volta
Tudo não passa de uma eterna ilusão
Um abismo sem fim que não conhecemos onde vai chegar
E, com certeza, não chega a lugar nenhum
E não é apenas um desabafo o que faço agora
É uma analogia do que encontramos escondidos nas esquinas
Ouvimos pelas ruas desertas
Quando os lobos assoviam nas vielas
E os sem tetos e sem esperança lançam ao vento suas angústias
Quando corre o sangue pela calçada
Escoa as imundícias pelas sarjetas como se fossem lodos grudentos
Nas bocas abertas de crianças e idosos
Nas escolas onde não aprendem nada a não ser a violência
A desigualdade de um grupo considerável de idiotas
Que caminham vociferando pelas avenidas
Enquanto nas lojas os vândalos fazem o quebra-quebra das vitrines
Alguns pensam em suicídios
Outros pensam na vida eterna
Buscam o paraíso e não encontra o inferno
Provocam o caos
Geram confusão pelas vidas desoladas
Arrancam os cabelos das mulheres e lançam no fogo as palavras dos livros
Criam fantasmas nas salas escuras
Alimentam as vaidades nas fogueiras das ilusões
Buscam o conhecimento nas profundezas
Nos templos saqueados pelos falsos profetas
Que vociferam blasfêmias pelos altos falantes das praças
Nos sonhos que invadem durante a madrugada
Quando os inocentes fecham os olhos que nunca mais serão abertos
E tudo não passa de uma viagem sem destino algum
Uma jornada fora de época
Na estação que não faz frio e nem calor quando as folhas caem
De árvores que não existem mais
Nem mesmo nos portas retratos jogados nos lixos
E o tempo se esvai dos dedos
As palavras não param de sair da mente e vão formando essa pirâmide
Mostrando que o fim não existe e o começo ninguém sabe
Então a conclusão final é que tudo não passa de uma infeliz ilusão
Que logo você saberá não fazer sentido algum.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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