quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Não faço barulho

 Ser forte me ensinou 
A segurar o peso com naturalidade, 
Como se meus ombros 
Já tivessem nascido para isso. 
Mas o colapso também mora em mim, 
Ele não chega com explosões, 
Chega como uma onda baixa, 
Que me toma em silêncio, 
Sem pedir licença. 
 
Não faço barulho quando caio por dentro. 
Meus estilhaços não se espalham pelo chão, 
Ficam guardados atrás do olhar. 
É estranho: ninguém percebe, 
Mas eu sinto cada pedaço de mim 
Escorregar para um lugar onde não alcanço. 
 
E, ainda assim, continuo. 
Talvez ser forte seja isso: 
Aprender a ruir sem espetáculo, 
E, no fundo da queda, 
Encontrar um jeito discreto de reerguer-se. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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