É dar grãos invisíveis a um pássaro preso no peito,
Sabendo que suas asas jamais rasgarão o céu,
Mas seu canto — ah, esse canto,
Atravessa as grades do silêncio
E reverbera em cada sombra da alma.
É uma chama escondida dentro de uma concha,
Um jardim sem visitantes,
Uma música tocada para ninguém,
Mas que insiste em existir,
Como se o próprio universo se curvasse
Para ouvir a confissão que nunca será dita.
Amar em segredo é perpetuar o impossível,
Um voo negado, mas um eco infinito.
E talvez seja nesse eco
Que o coração encontra
Sua forma mais pura de eternidade.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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