Minha fala é sempre uma confissão disfarçada.
Quando pronuncio teu nome, não é só de ti que falo,
É da parte de mim que se abre, nua e sem defesa.
Cada palavra que escapa de minha boca
É espelho,
É cicatriz,
É desejo que se revela sem pedir licença.
Eu penso que falo de ti, mas o som da minha voz
Carrega a cartografia secreta do meu ser:
Quando descrevo teus gestos, desenho minhas faltas;
Quando exalto teus olhos, denuncio minha fome de luz;
Quando lamento tua ausência, é minha solidão que grita.
Minha fala é autobiográfica porque você é a chave
Com a qual abro minhas portas mais fechadas.
Ao nomear você, eu me nomeio.
Ao te descrever, eu me escrevo.
Falar de ti é escrever meu diário em voz alta,
Sem páginas, sem linhas,
Apenas com o corpo inteiro
Se revelando em cada sílaba.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
Nenhum comentário:
Postar um comentário