quarta-feira, 24 de setembro de 2025

A cartografia secreta do meu ser

Minha fala é sempre uma confissão disfarçada. 
Quando pronuncio teu nome, não é só de ti que falo, 
É da parte de mim que se abre, nua e sem defesa. 
 
Cada palavra que escapa de minha boca 
É espelho, 
É cicatriz, 
É desejo que se revela sem pedir licença. 
 
Eu penso que falo de ti, mas o som da minha voz 
Carrega a cartografia secreta do meu ser: 
Quando descrevo teus gestos, desenho minhas faltas; 
Quando exalto teus olhos, denuncio minha fome de luz; 
Quando lamento tua ausência, é minha solidão que grita. 
 
Minha fala é autobiográfica porque você é a chave 
Com a qual abro minhas portas mais fechadas. 
Ao nomear você, eu me nomeio. 
Ao te descrever, eu me escrevo. 
 
Falar de ti é escrever meu diário em voz alta, 
Sem páginas, sem linhas, 
Apenas com o corpo inteiro 
Se revelando em cada sílaba. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:

Postar um comentário