Ensina mais que a televisão,
Porque nela o mundo não se edita,
Apenas acontece.
As ruas não seguem roteiros,
As pessoas não são personagens,
E cada rosto que cruza o vidro
É um livro fechado,
Um enigma que passa e não volta.
Na televisão,
A vida é moldada
Para caber no enquadramento;
Na janela, ela transborda,
É poeira que invade o pulmão,
É criança que corre descalça,
É velho que se senta cansado,
É cachorro que late para nada.
O ônibus segue e a paisagem muda,
Como páginas viradas sem pressa,
E a lição é silenciosa:
Não há controle remoto para o acaso.
Ali, aprende-se que viver é passagem,
Que o instante só existe enquanto se move,
Que o real não precisa de aplausos
Para ser verdade.
A televisão mostra histórias;
A janela mostra destinos.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
Nenhum comentário:
Postar um comentário