segunda-feira, 29 de setembro de 2025

O sofrimento arde em silêncio

Por sua própria natureza, 
Cada espírito habita uma cela invisível, 
Uma prisão de carne e ossos 
Que finge comunhão, 
Mas conhece o abismo da solidão. 
 
O sofrimento arde em silêncio, 
Como brasas escondidas sob cinzas, 
Ninguém toca esse fogo além de quem o sustenta. 
O gozo também nasce secreto, 
Um clarão que se abre apenas dentro, 
Inesperado, indivisível, intransferível. 
 
Na pele, o cárcere. 
Na mente, o eco. 
Na alma, o exílio perpétuo. 
 
Mesmo no abraço mais intenso, 
Permanece a distância abissal entre dois mundos: 
O coração de um não invade a fortaleza do outro. 
E assim, viver é este paradoxo: 
Condenar-se a sentir sozinho 
Aquilo que dá sentido a existir. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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