Por sua própria natureza,
Cada espírito habita uma cela invisível,
Uma prisão de carne e ossos
Que finge comunhão,
Mas conhece o abismo da solidão.
O sofrimento arde em silêncio,
Como brasas escondidas sob cinzas,
Ninguém toca esse fogo além de quem o sustenta.
O gozo também nasce secreto,
Um clarão que se abre apenas dentro,
Inesperado, indivisível, intransferível.
Na pele, o cárcere.
Na mente, o eco.
Na alma, o exílio perpétuo.
Mesmo no abraço mais intenso,
Permanece a distância abissal entre dois mundos:
O coração de um não invade a fortaleza do outro.
E assim, viver é este paradoxo:
Condenar-se a sentir sozinho
Aquilo que dá sentido a existir.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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