quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Os inúteis

 Devo eu falar mal dos inúteis? 
Por que falaria?
 
Porque falar mal dos inúteis 
É quase um exercício de poesia amarga: 
Eles se erguem em pedestais de papel, 
Com coroas de lata 
Que brilham apenas aos olhos cegos, 
E acreditam carregar nos ombros o peso do mundo, 
Quando mal sustentam o próprio eco. 
 
O inútil que se acha importante 
É como um tambor oco: 
Faz barulho, mas nunca música. 
Grita sua grandeza para não ouvir o vazio dentro. 
 
E ainda assim, é curioso: 
Quanto mais se pintam de ouro, 
Mais revelam o barro dos pés. 
São máscaras que caem ao menor sopro, 
Soberbas que se desfazem em poeira. 
 
A ironia é que os verdadeiros grandes 
Raramente falam de si, 
E os falsos, sem nada para mostrar, 
Falam de si sem parar. 
 
No fundo, 
Rir deles é mais sábio que odiá-los: 
O riso é a pedra que desmonta seu trono imaginário, 
O silêncio é o espelho que lhes devolve o nada. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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