Só me agrada aquilo que ardeu antes em veias,
Que latejou no coração como lâmina,
Que não nasceu do descanso,
Mas do abismo de uma ferida aberta.
Palavras que são respingos de alma,
Gotas de silêncio coagulado,
Gritos que perderam a boca
E encontraram a página.
O resto — meros sinais sem vida,
Rastros de tinta sem fogo,
Frases que não sangram,
Que não conhecem o preço do existir.
A verdadeira escrita é cicatriz,
É pacto com a dor e com a beleza,
É lembrança que não se cala.
Escreve-se com o sangue
Não para morrer,
Mas para que as palavras vivam mais do que nós.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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