Que nunca pisaram o chão da realidade,
Mas que florescem
Como árvores secretas dentro do silêncio.
Ninguém os viu nascer,
E ainda assim, eles se erguem
Com raízes profundas em nossos abismos
E galhos infinitos na imaginação.
São amores que não pedem presença,
Apenas lembrança,
Que não se tocam,
Mas se atravessam como brisa noturna,
Que não têm corpo,
Mas habitam como espectro luminoso
O espaço mais íntimo da alma.
Esses amores impossíveis
Carregam uma força estranha:
Crescem onde nada foi plantado,
E sustentam-se daquilo que nunca foi dito.
São jardins de silêncio,
Flores que desabrocham apenas no escuro,
Em segredos que o coração rega sem mãos.
E talvez sejam esses os mais duradouros,
Porque não enfrentam o tempo,
Nem se quebram diante do real:
Existem apenas no silêncio,
Mas ali, tornam-se imensos.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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