A ignorância se aninha como sombra,
Silenciosa, paciente, sorridente do vazio.
Ali, jovens inquietos rabiscam perguntas invisíveis,
As que não cabem no quadro-negro (ou branco),
As que não encontram eco
Na voz cansada do professor (ou professora).
Em seus lares, os muros respondem com silêncio,
Ou com ordens secas que esmagam a alma.
A incompreensão é uma herança amarga,
Passada de geração em geração
Como um livro sem páginas,
Um espelho embaçado onde ninguém se reconhece.
E no meio desse labirinto,
As angústias pedem socorro,
Não ao conforto do costume,
Mas à chama do conhecimento.
Pois só ele tem o poder de abrir portas,
De erguer janelas no peito fechado,
De ensinar que a ignorância não é destino,
Mas uma prisão que pode ser quebrada.
O saber não promete felicidade imediata,
Mas oferece sentido,
Um fio de luz entre o desespero e a esperança,
Um abrigo contra a escuridão herdada.
É nos livros,
Nas palavras,
Nos gestos de aprender,
Que os jovens encontrarão não respostas definitivas,
Mas o direito de continuar perguntando
Sem serem esmagados pelo peso da incompreensão.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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