domingo, 14 de setembro de 2025

Nos bancos escolares

 Nos bancos escolares, 
A ignorância se aninha como sombra, 
Silenciosa, paciente, sorridente do vazio. 
Ali, jovens inquietos rabiscam perguntas invisíveis, 
As que não cabem no quadro-negro (ou branco), 
As que não encontram eco 
Na voz cansada do professor (ou professora). 
 
Em seus lares, os muros respondem com silêncio, 
Ou com ordens secas que esmagam a alma. 
A incompreensão é uma herança amarga, 
Passada de geração em geração 
Como um livro sem páginas, 
Um espelho embaçado onde ninguém se reconhece. 
 
E no meio desse labirinto, 
As angústias pedem socorro, 
Não ao conforto do costume, 
Mas à chama do conhecimento. 
Pois só ele tem o poder de abrir portas, 
De erguer janelas no peito fechado, 
De ensinar que a ignorância não é destino, 
Mas uma prisão que pode ser quebrada. 
 
O saber não promete felicidade imediata, 
Mas oferece sentido, 
Um fio de luz entre o desespero e a esperança, 
Um abrigo contra a escuridão herdada. 
 
É nos livros, 
Nas palavras, 
Nos gestos de aprender, 
Que os jovens encontrarão não respostas definitivas, 
Mas o direito de continuar perguntando 
Sem serem esmagados pelo peso da incompreensão. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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