domingo, 13 de julho de 2025

Amar e esquecer

 Amar foi sopro, 
Fagulha na palha seca. 
Mas esquecer, 
Ah, esquecer, 
É esperar a chuva no deserto. 
 
O amor chegou como um raio: 
Sem pedir licença, 
Sem tempo para duvidar. 
Mas o esquecimento é lento, 
Como musgo subindo no muro 
Do que restou. 
 
Amar foi breve 
Como o aceno de quem parte. 
Esquecer, porém, 
É carregar o lenço 
Molhado de saudade 
Por quilômetros de ausência. 
 
O amor tem pressa. 
O esquecimento, não. 
Um nos atravessa. 
O outro fica, 
Feito espinho 
Debaixo da unha da alma. 
 
Quem ama arde. 
Quem esquece apaga 
Devagar, 
Como vela em quarto sem janelas. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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