Fagulha na palha seca.
Mas esquecer,
Ah, esquecer,
É esperar a chuva no deserto.
O amor chegou como um raio:
Sem pedir licença,
Sem tempo para duvidar.
Mas o esquecimento é lento,
Como musgo subindo no muro
Do que restou.
Amar foi breve
Como o aceno de quem parte.
Esquecer, porém,
É carregar o lenço
Molhado de saudade
Por quilômetros de ausência.
O amor tem pressa.
O esquecimento, não.
Um nos atravessa.
O outro fica,
Feito espinho
Debaixo da unha da alma.
Quem ama arde.
Quem esquece apaga
Devagar,
Como vela em quarto sem janelas.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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