Te amei quando ainda não sabia
Que podia recusar um abraço vazio.
Antes de aprender que silêncio também é escolha,
E que o coração, por mais tolo que pareça,
Tem o direito de se negar a sangrar
Por cada flor oferecida.
Te amei como quem diz “sim” ao primeiro sol da manhã,
Mesmo sem saber se era verão ou inverno,
Sem mapa, sem bússola, sem travas.
Me ofereci inteiro, como se amor bastasse
Para ser casa, abrigo e pássaro livre ao mesmo tempo.
Te amei antes de saber que “não”
É também um ato de amor-próprio.
E que amar alguém não deve significar
Desamar a si mesmo aos poucos.
Te amei com a inocência
Dos que ainda não sabem fugir,
Com os olhos vendados pela esperança
E os pés descalços
Sobre promessas escorregadias.
Hoje, ao olhar para trás, entendo:
Me amar teria sido meu primeiro “não”.
Mas fui teu, antes de ser meu.
E por isso doeu tanto.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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