quarta-feira, 16 de julho de 2025

Quando se prefere estar só

 Estar sozinho é ouvir a própria respiração 
Sem que ela precise disputar espaço com o mundo.
Na solidão, as palavras voltam a ter gosto. 
O silêncio cozinha ideias que, no ruído, queimariam. 
 
Sozinho, o tempo desamarra os relógios. 
Cada minuto se estende como uma estrada sem fim.
A multidão distrai, o outro confunde, 
Mas a solidão revela: 
É no espelho da ausência que o eu se vê inteiro. 
 
Quem está só não precisa se explicar. 
A alma, enfim, anda descalça, sem avisar a ninguém. 
Há uma paz que só o solitário conhece: 
A de não ter que fingir que é alguém para merecer ser. 
 
Na solidão, os pensamentos se tornam hóspedes. 
Alguns indesejados, outros geniais, 
Todos trazem verdades que o barulho espanta. 
Estar sozinho é ter o próprio nome de volta, 
Livre das etiquetas que o mundo cola com pressa. 
 
A solitude é um campo fértil. 
É nele que ideias, vontades e renascimentos germinam.
Nem sempre é fuga. 
Às vezes, estar só é retorno: 
Voltar-se para si com o cuidado que se dá a uma ferida,
Ou a uma flor. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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