Sem que ela precise disputar espaço com o mundo.
Na solidão, as palavras voltam a ter gosto.
O silêncio cozinha ideias que, no ruído, queimariam.
Sozinho, o tempo desamarra os relógios.
Cada minuto se estende como uma estrada sem fim.
A multidão distrai, o outro confunde,
Mas a solidão revela:
É no espelho da ausência que o eu se vê inteiro.
Quem está só não precisa se explicar.
A alma, enfim, anda descalça, sem avisar a ninguém.
Há uma paz que só o solitário conhece:
A de não ter que fingir que é alguém para merecer ser.
Na solidão, os pensamentos se tornam hóspedes.
Alguns indesejados, outros geniais,
Todos trazem verdades que o barulho espanta.
Estar sozinho é ter o próprio nome de volta,
Livre das etiquetas que o mundo cola com pressa.
A solitude é um campo fértil.
É nele que ideias, vontades e renascimentos germinam.
Nem sempre é fuga.
Às vezes, estar só é retorno:
Voltar-se para si com o cuidado que se dá a uma ferida,
Ou a uma flor.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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