Como estrelas que não dormem.
E ao ver a alvorada romper o silêncio,
Descubro, atônito,
Que nós também, por tanto tempo,
Fomos sombra fingindo luz.
Habita em mim uma febre mansa,
Um delírio feito de ecos antigos.
Mas é na alvorada,
Quando o céu se despe da noite,
Que percebo:
Fomos enganados,
Acreditando que o sonho era o real.
Há loucuras que me guiam mais que a razão,
Labaredas que ardem calmas no peito.
E quando a alvorada toca o mundo
Com dedos dourados,
Sinto, como quem desperta de um feitiço,
Que a verdade esteve oculta em plena luz.
Em mim, a loucura dança
Como névoa sob o sol nascente.
E ao testemunhar o dia nascer,
Com seus olhos limpos e imensos,
Entendo:
Fomos iludidos pelo tempo,
Mas a manhã sabe de tudo.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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