terça-feira, 1 de julho de 2025

Fomos iludidos pelo tempo

 Tenho loucuras em mim 
Como estrelas que não dormem. 
E ao ver a alvorada romper o silêncio, 
Descubro, atônito, 
Que nós também, por tanto tempo, 
Fomos sombra fingindo luz. 
 
Habita em mim uma febre mansa, 
Um delírio feito de ecos antigos. 
Mas é na alvorada, 
Quando o céu se despe da noite, 
Que percebo: 
Fomos enganados, 
Acreditando que o sonho era o real. 
 
Há loucuras que me guiam mais que a razão, 
Labaredas que ardem calmas no peito. 
E quando a alvorada toca o mundo 
Com dedos dourados, 
Sinto, como quem desperta de um feitiço, 
Que a verdade esteve oculta em plena luz. 
 
Em mim, a loucura dança 
Como névoa sob o sol nascente. 
E ao testemunhar o dia nascer, 
Com seus olhos limpos e imensos, 
Entendo: 
Fomos iludidos pelo tempo, 
Mas a manhã sabe de tudo. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:

Postar um comentário