Escrever é sangrar em silêncio,
Com letras que ninguém vê doer.
O escritor não vive apenas uma vida,
Vive todas — e nenhuma por inteiro.
Enquanto o mundo dorme,
Ele escuta as vozes que não se calam.
Cada frase é uma casa erguida no abismo.
Cada ponto final, um salto no escuro.
A caneta é seu bisturi,
A memória, o corpo que insiste em não morrer.
O escritor não escreve o que quer,
Escreve o que o corrói.
Ser escritor é conversar com fantasmas
E chamá-los de personagens.
Escrever é tentar costurar o mundo
Com uma linha feita de vento.
O tempo do escritor não é o do relógio,
Mas o do relâmpago que rasga o instante.
A escrita é o espelho onde o autor se vê
E descobre que já foi outro — e será muitos ainda.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
25 de Julho - Dia do Escritor
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