domingo, 27 de julho de 2025

Créditos em 12x sem alma

Ventiladores parados são relógios mortos, 
Ainda marcam o tempo, mas não o movem. 
O ar pesa. 
As moscas dançam sua coreografia mórbida, 
Bailarinas da podridão cotidiana. 
 
Na televisão, um homem sorri com dentes de mentira, 
Enquanto os olhares na sala afundam no sofá, 
Não em descanso, mas em derrota. 
 
As vitrines piscam: 
"Créditos em 12x sem alma". 
Vendemos futuro, cobramos em presente vencido. 
 
Na próxima esquina, 
Um terrorista ou um entregador — difícil distinguir. 
Ambos correm com pressa e bombas invisíveis: 
Um leva morte, o outro entrega janta. 
 
Tudo gira. 
Menos o ventilador. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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