São cemitérios de palavras que, um dia, ardiam.
Frases escritas
Com o sangue quente da descoberta,
Mas que hoje jazem caladas,
Mortas por quem as escreveu.
Não foram os anos que as mataram,
Mas a própria mão que, ao crescer,
Renegou o que foi.
A juventude escreve para não se afogar.
Mas o adulto, ao reler,
Sente vergonha da própria margem.
E então rasga, queima, cala.
As palavras, outrora vivas,
Morrem de fome,
De silêncio,
De esquecimento voluntário.
Talvez por isso os diários envelheçam mal:
Não suportam ser lidos por olhos que perderam
A febre das primeiras vezes.
Mas quem dera tivéssemos coragem
De abraçar a tolice da juventude,
Pois ali, entre o exagero e o espanto,
Mora uma verdade que o tempo
Não consegue mais escrever.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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