Quando o tempo já tiver lavado os rostos,
Quando as cartas tiverem se tornado poeira
E os retratos não couberem mais
Nas gavetas da memória?
Ou lembrarás de mim no infinito,
Onde os corações sonhadores guardam
O que nunca viveu inteiro,
Mas também nunca morreu?
Lembrarás do som da minha voz
Misturado ao vento de uma tarde qualquer?
Do jeito que olhei o mundo contigo
Como quem descobre o mar no espelho?
Talvez não lembres do nome,
Nem do dia, nem da rua.
Mas, quem sabe, o teu peito sorria sem razão
Quando cruzar por um livro esquecido,
Um cheiro antigo,
Ou uma canção boba que só nós entendíamos.
E então, por um instante,
Breve e eterno,
Lembrarás de mim
Como se o tempo voltasse atrás
Apenas para te dizer
Que foste, sim, lembrança em mim também.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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