Como engrenagens que aprenderam o ritmo da máquina.
Mas às vezes, o coração tropeça,
E nesse tropeço
Há mais verdade do que em mil ensaios.
Há o que nos ensinaram,
Há o que o mundo exigiu de nós,
E há o que, no fundo do sangue, pulsa como chamado.
Entre o dever e o destino,
Somos o eco de um verbo
Que tenta lembrar seu som original.
Treinados, criados, moldados,
E ainda assim, algo em nós insiste em nascer de novo.
Há um gesto que não se aprende,
Um sopro que vem de antes da memória.
É isso que chamamos de vocação, ou alma.
Fazemos o que fomos criados para fazer,
Mas quem nos criou?
O mundo? Os medos? A esperança?
Talvez o próprio mistério
Que desejava se ver através de nossas mãos.
Nascemos com propósitos invisíveis,
Disfarçados de hábitos e rotinas.
Treinamos o corpo, domesticamos o pensamento,
Mas é o espírito — indomado,
Que, em silêncio, conduz a obra.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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