quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Entre o dever e o destino

 Fazemos o que fomos treinados para fazer, 
Como engrenagens que aprenderam o ritmo da máquina. 
Mas às vezes, o coração tropeça, 
E nesse tropeço 
Há mais verdade do que em mil ensaios. 
 
Há o que nos ensinaram, 
Há o que o mundo exigiu de nós, 
E há o que, no fundo do sangue, pulsa como chamado. 
Entre o dever e o destino, 
Somos o eco de um verbo 
Que tenta lembrar seu som original. 
 
Treinados, criados, moldados, 
E ainda assim, algo em nós insiste em nascer de novo. 
Há um gesto que não se aprende, 
Um sopro que vem de antes da memória. 
É isso que chamamos de vocação, ou alma. 
 
Fazemos o que fomos criados para fazer, 
Mas quem nos criou? 
O mundo? Os medos? A esperança? 
Talvez o próprio mistério 
Que desejava se ver através de nossas mãos. 
 
Nascemos com propósitos invisíveis, 
Disfarçados de hábitos e rotinas. 
Treinamos o corpo, domesticamos o pensamento, 
Mas é o espírito — indomado, 
Que, em silêncio, conduz a obra. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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