quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Poesia em tempos de ruídos

Que as palavras deixem de ser lanças 
E voltem a ser pontes. 
Que cada voz, ao erguer-se, 
Traga consigo um verso, 
Não uma guerra. 
 
Entre o grito e o silêncio, 
Escolhamos a canção. 
Entre a bandeira e o poema, 
Escolhamos o vento 
Que sopra sobre todas as cores. 
 
Há quem queira mudar o mundo 
A golpes de opinião. 
Nós o mudaremos 
A golpes de beleza, 
Um poema por vez. 
 
Enquanto discutem fronteiras, 
As flores continuam nascendo 
Em qualquer lado do muro. 
A terra não tem partido, 
Só primavera. 
 
Menos discursos inflamados, 
Mais corações incendiados 
Por algo que não destrói. 
Menos razão em armas, 
Mais emoção desarmada. 
 
A política divide, 
A poesia comove. 
Entre os dois extremos 
Há o espaço sagrado 
Onde o humano se reencontra. 
 
E quando a fúria for o idioma comum, 
Falemos baixo, 
Em versos, 
Para que o mundo volte a ouvir 
O som da alma respirando. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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