Que as palavras deixem de ser lanças
E voltem a ser pontes.
Que cada voz, ao erguer-se,
Traga consigo um verso,
Não uma guerra.
Entre o grito e o silêncio,
Escolhamos a canção.
Entre a bandeira e o poema,
Escolhamos o vento
Que sopra sobre todas as cores.
Há quem queira mudar o mundo
A golpes de opinião.
Nós o mudaremos
A golpes de beleza,
Um poema por vez.
Enquanto discutem fronteiras,
As flores continuam nascendo
Em qualquer lado do muro.
A terra não tem partido,
Só primavera.
Menos discursos inflamados,
Mais corações incendiados
Por algo que não destrói.
Menos razão em armas,
Mais emoção desarmada.
A política divide,
A poesia comove.
Entre os dois extremos
Há o espaço sagrado
Onde o humano se reencontra.
E quando a fúria for o idioma comum,
Falemos baixo,
Em versos,
Para que o mundo volte a ouvir
O som da alma respirando.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
Nenhum comentário:
Postar um comentário