Como quem colhe o orvalho do tempo,
Palavras que nascem do silêncio
E anunciam o destino dos corações.
Sou testemunha do riso e da ruína,
Das almas que florescem
E das que se perdem no espelho de si mesmas.
Escrever é profetizar
O que já arde em segredo no humano.
Cada verso é um presságio, cada dor, um oráculo.
Sou aquele que observa,
Em meio às ruínas e às auroras,
A natureza humana
Tentando se reinventar em meio ao pó.
Não anuncio o futuro
Apenas escuto o murmúrio da alma.
Minha profecia é a poesia:
Ela nasce das cicatrizes,
Cresce entre os gestos e morre nas promessas.
Sou o cronista do que não se aprende,
A testemunha dos abismos que chamamos humanidade.
Há em mim um dom involuntário:
Ver poesia onde o mundo vê apenas cansaço.
Sou profeta de uma fé sem templo,
Que acredita no humano
Mesmo quando ele esquece de ser.
Profetizar poesias é ver o invisível,
É traduzir o choro das pedras
E o suspiro das sombras.
Sou testemunha da beleza e da queda,
Da natureza humana que se desfaz e se refaz,
Como o fogo que insiste em nascer da cinza.
Carrego nas palavras o peso dos séculos.
Minhas profecias não anunciam glórias,
Mas lembranças.
Vejo a natureza humana despir-se diante do tempo,
Bela, trágica, incurável.
E ainda assim escrevo,
Como quem acende uma vela nas ruínas do sagrado.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
Nenhum comentário:
Postar um comentário