As ruas falam em silêncio,
Não com vozes, mas com fome.
O prato vazio grita mais alto
Que qualquer discurso em praça pública.
Há quem colecione privilégios
Como moedas raras,
E há quem conte centavos
Para comprar o pão de amanhã.
O brilho das vitrines cintila
Enquanto pés descalços tropeçam nas calçadas;
A desigualdade é um espetáculo cruel
Que se repete todos os dias,
Sem que a maioria ouse aplaudir.
Na cidade partida,
Uns constroem muros altos para não ver,
Outros cavam buracos fundos para sobreviver.
E no meio disso,
O cotidiano transforma injustiça em rotina,
A dor em estatística,
O abandono em normalidade.
Mas cada olhar que se recusa a aceitar,
Cada mão que se estende,
Cada voz que se levanta contra o silêncio,
É um lembrete:
A vida não pode ser apenas sobrevivência,
A justiça não pode ser apenas palavra.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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