segunda-feira, 20 de outubro de 2025

As ruas falam em silêncio

As ruas falam em silêncio, 
Não com vozes, mas com fome. 
O prato vazio grita mais alto 
Que qualquer discurso em praça pública. 
 
Há quem colecione privilégios 
Como moedas raras, 
E há quem conte centavos 
Para comprar o pão de amanhã. 
 
O brilho das vitrines cintila 
Enquanto pés descalços tropeçam nas calçadas; 
A desigualdade é um espetáculo cruel 
Que se repete todos os dias, 
Sem que a maioria ouse aplaudir. 
 
Na cidade partida, 
Uns constroem muros altos para não ver, 
Outros cavam buracos fundos para sobreviver. 
E no meio disso, 
O cotidiano transforma injustiça em rotina, 
A dor em estatística, 
O abandono em normalidade. 
 
Mas cada olhar que se recusa a aceitar, 
Cada mão que se estende, 
Cada voz que se levanta contra o silêncio, 
É um lembrete: 
A vida não pode ser apenas sobrevivência, 
A justiça não pode ser apenas palavra. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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