Levando na corrente o que fui,
O que quis, o que temi.
E quando o tempo de partir se aproxima,
Não há tristeza, apenas o murmúrio
De um curso que sempre soube o caminho do mar.
Há um instante em que o relógio se cala,
E o coração entende:
Não se trata de ir embora,
Mas de voltar para aquilo
Que sempre chamou em silêncio.
O tempo não nos toma,
Ele nos devolve.
Devolve ao vento o que era pó,
À luz o que era chama,
Ao silêncio o que era alma.
Saber que os dias passam
É compreender
Que a eternidade mora no instante.
E que partir não é fim,
É apenas mudar de forma,
Como a chama que, ao apagar-se, se faz brisa.
O tempo de partir chega com passos suaves,
Como quem não quer interromper um sonho.
E a alma, cansada de horizontes,
Aceita o convite do infinito.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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