segunda-feira, 27 de outubro de 2025

O tempo de partir

 Os dias passam como rios silenciosos, 
Levando na corrente o que fui, 
O que quis, o que temi. 
E quando o tempo de partir se aproxima, 
Não há tristeza, apenas o murmúrio 
De um curso que sempre soube o caminho do mar. 
 
Há um instante em que o relógio se cala, 
E o coração entende: 
Não se trata de ir embora, 
Mas de voltar para aquilo 
Que sempre chamou em silêncio. 
 
O tempo não nos toma, 
Ele nos devolve. 
Devolve ao vento o que era pó, 
À luz o que era chama, 
Ao silêncio o que era alma. 
 
Saber que os dias passam 
É compreender 
Que a eternidade mora no instante. 
E que partir não é fim, 
É apenas mudar de forma, 
Como a chama que, ao apagar-se, se faz brisa. 
 
O tempo de partir chega com passos suaves, 
Como quem não quer interromper um sonho. 
E a alma, cansada de horizontes, 
Aceita o convite do infinito. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:

Postar um comentário