É como andar por uma casa
Onde as janelas esqueceram o sol.
Tudo ainda está no lugar,
Mas nada tem o mesmo nome.
O tempo segue, dizem.
Mas o relógio dentro de mim
Parou no minuto em que você partiu.
O que posso fazer sem você?
Talvez colecionar silêncios,
Dar nomes às sombras,
E aprender a respirar na escuridão.
Há uma ausência
Que se senta comigo à mesa.
Bebe do meu copo,
Dorme no meu lado da cama,
E me chama pelo seu nome.
Sem você,
Sou uma carta esquecida no vento,
Um eco procurando sua voz,
Um corpo que lembra o toque,
Mas esqueceu o calor.
Dizem que o amor ensina.
Mas o amor que vai embora
Só ensina
A ficar de joelhos diante do nada.
O que posso fazer sem você?
Escrever.
Porque é o único modo que encontrei
De ainda te tocar — sem te ferir.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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