quarta-feira, 29 de outubro de 2025

A dor que tem teu nome

 Só de pensar em você, 
Minha alma range os dentes. 
Há um frio que sobe pelas costas do espírito, 
Como se a lembrança de ti 
Fosse feita de ferrugem e ossos. 
 
Você é a cicatriz que escolheu não fechar, 
Um sussurro que lateja nas entranhas do pensamento. 
Teu nome, 
Quando ecoa dentro, 
Traz o gosto amargo 
De um veneno antigo 
Que aprendi a beber com ternura. 
 
Amar você, 
É amar o corte, 
É cuidar da ferida 
Como quem cultiva um altar de dor. 
 
Meu coração não pulsa: 
Ele vigia. 
Vigia tua ausência 
Como um cão preso à porta 
De um templo em ruínas. 
 
Você é o desconforto eterno 
Que acende as sombras em mim. 
E eu, tolo devoto desse mal, 
Só de pensar em você, 
Já não sei mais 
Se sou humano, 
Ou só um resto de saudade 
Que esqueceu de morrer. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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