terça-feira, 14 de outubro de 2025

Cada palavra que escrevo

 Escrever para mim é como respirar. 
Não há esforço, apenas necessidade. 
As palavras entram e saem como o ar, 
Invisíveis, mas vitais. 
São o que me mantém desperto, 
O que impede o colapso da alma. 
 
Quando não escrevo, 
O mundo perde o ritmo. 
O tempo se torna pesado, 
E o peito, apertado. 
Há um vazio que se espalha devagar, 
Como um quarto sem janelas. 
Então escrevo — e o ar volta a circular. 
 
Cada palavra é um fôlego que me salva. 
Cada linha é uma artéria 
Onde corre o sangue da lembrança. 
Escrever é atravessar o corpo 
Com o vento da consciência, 
É deixar que o pensamento 
Se torne matéria respirável. 
 
Nem sempre escrevo para ser lido, 
Escrevo porque, se não o fizer, sufoco. 
As palavras me procuram, 
E eu apenas as deixo passar, 
Como o ar que sabe o caminho dos pulmões. 
 
Escrever é o gesto mais humano 
E mais solitário que conheço. 
É um respirar silencioso 
No meio do ruído do mundo. 
É abrir o peito 
E deixar o invisível se tornar visível, 
Deixar o que é dor virar sopro, 
E o que é vida, virar linguagem. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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