Não há esforço, apenas necessidade.
As palavras entram e saem como o ar,
Invisíveis, mas vitais.
São o que me mantém desperto,
O que impede o colapso da alma.
Quando não escrevo,
O mundo perde o ritmo.
O tempo se torna pesado,
E o peito, apertado.
Há um vazio que se espalha devagar,
Como um quarto sem janelas.
Então escrevo — e o ar volta a circular.
Cada palavra é um fôlego que me salva.
Cada linha é uma artéria
Onde corre o sangue da lembrança.
Escrever é atravessar o corpo
Com o vento da consciência,
É deixar que o pensamento
Se torne matéria respirável.
Nem sempre escrevo para ser lido,
Escrevo porque, se não o fizer, sufoco.
As palavras me procuram,
E eu apenas as deixo passar,
Como o ar que sabe o caminho dos pulmões.
Escrever é o gesto mais humano
E mais solitário que conheço.
É um respirar silencioso
No meio do ruído do mundo.
É abrir o peito
E deixar o invisível se tornar visível,
Deixar o que é dor virar sopro,
E o que é vida, virar linguagem.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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