quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Eu nunca quis ser professor

Eu nunca quis ser professor. 
O destino me empurrou para a lousa, 
E nela, tracei não apenas letras, 
Mas as linhas de mim mesmo. 
 
Ensinar é carregar um espelho trincado: 
Nele vejo as dúvidas, o cansaço, o desânimo, 
Mas também o brilho dos olhos que compreendem, 
A centelha que se acende onde antes era escuridão. 
 
Há dias em que o silêncio da sala pesa, 
Em que as palavras parecem pó, 
Em que a esperança se deita cansada 
Nos cadernos amassados. 
 
Mas há outros em que tudo floresce: 
Um sorriso tímido, uma resposta inesperada, 
Um olhar que me diz: 
¬- “agora eu entendi”. 
 
Eu nunca quis ser professor, 
Mas encontrei nesse ofício o meu espelho secreto: 
Ensinar é aprender o outro, 
E aprender o outro é descobrir-se humano. 
 
Sou realizado 
Não por ter escolhido este caminho, 
Mas por ele ter me escolhido. 
E, entre angústias e alegrias, 
Continuo a escrever, 
Não no quadro, 
Mas nas almas que passam por mim. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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