Uma mistura de vazio e liberdade.
Como aprender a andar de novo
Depois de anos com os pés presos.
Ainda havia momentos
Em que o pensamento escorregava.
Seu nome aparecia nas esquinas da minha mente,
Em músicas, em cheiros,
Em pedaços de frases que eu lia por acaso.
Mas eu já não me deixava afundar.
Respirava fundo,
Engolia o nó na garganta,
E seguia.
Comecei a retomar pequenos rituais:
Organizar os livros que deixei empilhados por semanas,
Voltar a caminhar sem direção,
Ouvir músicas que falavam de qualquer coisa…
Menos de você.
Aos poucos, fui ocupando os espaços que você deixou.
Troquei os lençóis,
Mudei os móveis de lugar,
Apaguei conversas,
Limpei fotos antigas.
Redescobri o gosto de estar sozinho
Sem me sentir solitário.
Comecei a rir de novo,
Às vezes por coisas bobas,
Às vezes só pela sensação
De ser dono do meu próprio corpo,
Da minha própria história.
Sim… ainda dói de vez em quando.
Tem noites em que a saudade bate
Como uma visita indesejada.
Mas agora…
Ela não fica.
Ela vem, eu reconheço,
E a deixo ir.
Cada dia é um pouco mais leve.
Cada manhã é menos sobre você
E mais sobre mim.
E se alguém me perguntar
O que restou depois de tudo,
Eu direi:
Restou a minha pele,
Meus passos,
Meus sonhos reconstruídos.
E a certeza de que o amor…
Quando for de verdade…
Nunca mais vai me fazer sangrar assim.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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