sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Outro café

 Parei de pensar e fui pegar outro café. 
No amargo quente, a vida me lembrava que 
Mesmo injusta, ela continuava, 
Um rio sujo 
Correndo por dentro das veias do dia, 
Um relógio sem piedade no pulso da rotina. 
 
Entre goles, descobri que há um silêncio 
Que não se explica, só se bebe, 
Como quem sorve um instante para não afogar 
No peso dos pensamentos que ficaram na mesa. 
 
Talvez seja isso o existir: 
Respirar o injusto, adoçar com um gole amargo 
E seguir, mesmo assim, 
Porque o café esfria, 
Mas a vida nunca. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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