sábado, 25 de outubro de 2025

Quando sonha comigo

 Aposto que sente saudades quando sonha comigo. 
Não dessas que se dizem em voz alta, 
Mas daquelas que o corpo reconhece 
Antes que a mente desperte. 
 
Nos seus sonhos, eu volto, 
Sem culpa, sem distância, 
Com o mesmo olhar que o tempo não conseguiu roubar. 
Você tenta fingir que esqueceu, 
Mas o esquecimento não sabe mentir por tanto tempo. 
 
Lá, entre a penumbra e o silêncio, 
Me chama sem palavras, 
Como se meu nome 
Ainda tivesse morada na sua respiração. 
E eu venho — não porque quero, 
Mas porque há desejos que nunca aprendem a morrer. 
 
O sonho é o lugar onde o orgulho dorme, 
E a verdade, por um instante, acorda. 
É ali que sua pele volta a me procurar, 
Como se o toque fosse uma oração antiga. 
 
Mas o amanhecer sempre chega. 
E com ele, a sua pressa em fingir que não sente, 
Que não lembra, 
Que não sonhou. 
 
Mesmo assim, aposto. 
Aposto no instante em que seus olhos se fecham, 
No suspiro antes do esquecimento. 
Porque sei: 
No reino dos sonhos, 
Sou eu quem a visita, 
E é você quem nunca parte. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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