domingo, 12 de outubro de 2025

A mentira que o tempo veste

 Há olhos que se cansaram de ver o real, 
E, na penumbra das horas, abraçaram a ilusão, 
Creram que o tempo curava, 
Quando apenas apagava os vestígios do que fomos. 
 
Os olhares mentem, 
Não por malícia, mas por desespero. 
Buscam eternidade no efêmero, 
E chamam de verdade 
A farsa que o tempo sussurra docemente. 
 
Vi olhos que se alimentavam do passado, 
Como feras presas à sombra do que não volta. 
Enxergavam o tempo não como rio, 
Mas como espelho rachado, 
Onde toda lembrança mente. 
 
Os que só enxergam a mentira do tempo 
Vivem entre ruínas e véus. 
Sabem que cada segundo é um disfarce, 
Que a juventude é um sonho gasto, 
E que a eternidade 
É apenas um eco que engana os corações. 
 
O tempo sorri com olhos antigos, 
E muitos, ao fitá-lo, acreditam no consolo. 
Mas seus olhares se perdem, 
Pois aquilo que julgam ver é apenas 
A mentira que o tempo veste para parecer piedoso. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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