E, na penumbra das horas, abraçaram a ilusão,
Creram que o tempo curava,
Quando apenas apagava os vestígios do que fomos.
Os olhares mentem,
Não por malícia, mas por desespero.
Buscam eternidade no efêmero,
E chamam de verdade
A farsa que o tempo sussurra docemente.
Vi olhos que se alimentavam do passado,
Como feras presas à sombra do que não volta.
Enxergavam o tempo não como rio,
Mas como espelho rachado,
Onde toda lembrança mente.
Os que só enxergam a mentira do tempo
Vivem entre ruínas e véus.
Sabem que cada segundo é um disfarce,
Que a juventude é um sonho gasto,
E que a eternidade
É apenas um eco que engana os corações.
O tempo sorri com olhos antigos,
E muitos, ao fitá-lo, acreditam no consolo.
Mas seus olhares se perdem,
Pois aquilo que julgam ver é apenas
A mentira que o tempo veste para parecer piedoso.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
Nenhum comentário:
Postar um comentário