Em tempos em que as telas nos devoram,
Em que as vozes de vidro
E de sombra moldam desejos,
E a opinião nasce pronta,
Embalada em slogans,
Abrir um livro é incendiar o silêncio.
Ler é subversão calma:
Um gesto lento contra a pressa,
Um mergulho profundo contra o fluxo raso,
Um olhar próprio
Contra o espetáculo programado.
As páginas não manipulam:
Elas convocam.
Não ditam o que sentir:
Abrem espaço para que o sentir floresça.
Enquanto o mundo
Se afoga em ruídos de massa,
Ler é respirar com pulmões próprios,
É acender a chama íntima da dúvida,
É reconstruir a coragem de pensar.
Ler, nesse tempo de correntes invisíveis,
É o último ato de liberdade
Que não cabe na estatística,
Que não se mede em curtidas,
Mas explode em consciência.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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