sexta-feira, 3 de outubro de 2025

O último ato de liberdade

Em tempos em que as telas nos devoram, 
Em que as vozes de vidro 
E de sombra moldam desejos, 
E a opinião nasce pronta, 
Embalada em slogans, 
Abrir um livro é incendiar o silêncio. 
 
Ler é subversão calma: 
Um gesto lento contra a pressa, 
Um mergulho profundo contra o fluxo raso, 
Um olhar próprio 
Contra o espetáculo programado. 
 
As páginas não manipulam: 
Elas convocam. 
Não ditam o que sentir: 
Abrem espaço para que o sentir floresça. 
 
Enquanto o mundo 
Se afoga em ruídos de massa, 
Ler é respirar com pulmões próprios, 
É acender a chama íntima da dúvida, 
É reconstruir a coragem de pensar. 
 
Ler, nesse tempo de correntes invisíveis, 
É o último ato de liberdade 
Que não cabe na estatística, 
Que não se mede em curtidas, 
Mas explode em consciência. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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