segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Quis esconder-me

 Desvio os olhos, 
Mas eles sempre sabem o caminho de volta. 
O coração é cúmplice, 
Denuncia o que a boca cala. 
 
Olhar é uma confissão silenciosa. 
Por isso às vezes fecho os olhos, 
Fingindo descanso, 
Quando na verdade é fuga. 
 
Há um espelho em cada olhar. 
E o meu, ao evitar o teu, 
Só reflete a própria covardia. 
 
Quis esconder-me num piscar de olhos, 
Mas o tempo percebeu. 
Nada se esconde onde há luz, 
Nem o desejo, 
Nem o medo de ser visto. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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