sexta-feira, 24 de outubro de 2025

O silêncio do pensador

 Há quem viva leve, 
Com o coração feito pedra lisa de rio, 
Que o tempo leva e o sol aquece. 
Mas há os que pensam demais, 
E neles o mundo pesa mais do que devia. 
 
Carregam o que foi, 
O que poderia ter sido, 
E até o que nunca será. 
A cada ideia, uma pedra. 
A cada lembrança, um eco que não cessa. 
 
O pensamento é um poço sem corda: 
Olhar demais é ver o reflexo afogar-se 
No espelho das próprias perguntas. 
E há tantas perguntas, 
Tantas que o ar se torna denso, 
E o simples ato de respirar 
Parece um exercício de sobrevivência. 
 
A lucidez arde como chama: 
Ilumina o caminho, mas consome o andarilho. 
O que vê demais esquece o que sente, 
E o que sente demais não consegue esquecer. 
 
Há um instante, porém, 
Em que o peso e o pensar se equilibram: 
Quando a mente se cala, 
E o vento, esse velho filósofo, 
Ensina o corpo a existir sem explicação. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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