Mas sua loucura não é doença,
É um clarão que o mundo não suporta.
Carregado para os círculos profundos,
Ele desce onde os anjos caídos bebem névoa e ferrugem.
Ali, suas palavras ardem
Como velas acesas no asfalto da modernidade.
Chacinado pelos anjos caídos da modernidade,
O poeta sangra versos sobre o concreto.
Cada gota é uma lembrança do que era divino,
Cada sílaba, um grito que não encontra eco
Entre as máquinas que sonham em silêncio.
Há um riso de loucura na boca do poeta,
Não de quem perdeu a razão,
Mas de quem a ultrapassou.
Arrastado por asas quebradas,
Ele toca o fundo das ideias
Onde o humano se dissolve no ruído das cidades.
O poeta está louco, dizem.
Mas quem o julgaria são?
Ele viu os anjos da modernidade
Afiar suas penas em lâminas,
E ofereceu o próprio peito como papel.
No abismo elétrico das ruas,
O poeta vaga entre ruínas de pensamento.
Os anjos, agora programados,
O chamam de anacronismo, de delírio.
Mas é ele quem carrega o último fogo,
O que ainda queima dentro da linguagem.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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