quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Teu perfume que ficou

 Teu perfume ficou, 
Como sombra do toque que partiu, 
Silêncio que o tecido aprendeu a guardar. 
 
Entre o ombro e o peito, 
Há um sopro teu, 
Um resto de presença 
Que o vento não levou. 
 
Cada dobra da roupa 
É uma lembrança embriagada, 
Uma estação que não termina, 
Um sonho que insiste em exalar. 
 
Não sei se és lembrança ou feitiço, 
Se é o amor que evapora 
Ou a ausência que se adorna de ti. 
 
Mas quando a noite me veste de saudade, 
É teu cheiro que desperta, 
Flor oculta, chama suave, 
Memória viva do que fui contigo. 
 
E então entendo: 
Há perfumes que não se lavam, 
Porque não moram no pano, 
Mas na alma que os respira. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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