Como sombra do toque que partiu,
Silêncio que o tecido aprendeu a guardar.
Entre o ombro e o peito,
Há um sopro teu,
Um resto de presença
Que o vento não levou.
Cada dobra da roupa
É uma lembrança embriagada,
Uma estação que não termina,
Um sonho que insiste em exalar.
Não sei se és lembrança ou feitiço,
Se é o amor que evapora
Ou a ausência que se adorna de ti.
Mas quando a noite me veste de saudade,
É teu cheiro que desperta,
Flor oculta, chama suave,
Memória viva do que fui contigo.
E então entendo:
Há perfumes que não se lavam,
Porque não moram no pano,
Mas na alma que os respira.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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